HISTÓRIA PARANAENSE
A história do Paraná vem sendo objeto de estudo desde meados do século XIX quando aparecem as primeiras obras que estabeleceram um entendimento do nosso passado, ainda que de maneira descritiva, factual e elitista.
Atualmente, por mais que esta forma de se escrever a história (positivista) esteja presente, amplia-se o campo da pesquisa histórica, com novos enfoques e abordagens.
Assim, torna-se possível conhecer outras histórias, até então silenciadas, polemizando e dando voz a personagens até então desconsiderados, como os indígenas, negros africanos, posseiros, caboclos, colonos, entre tantos outros que fazem parte da história paranaense.
Contudo, por mais que esta história regional das comunidades paranaenses ainda não esteja difundida como deveria, verificamos a necessidade de se incentivar e facilitar a sua pesquisa para os diferenciados públicos existentes como: professores, alunos do ensino fundamental e médio, profissionais ligados as administrações municipais, iniciantes e autodidatas na pesquisa histórica.
Neste sentido apresentamos mesmo que de forma sucinta, um levantamento bibliográfico sobre algumas temáticas que envolvem a nossa história, possibilitando um primeiro contato com as obras paranaenses.
Paraná Tradicional
A designação de Paraná Tradicional remete-se ao período de conquista e ocupação do território indígena pelos luso-brasileiros, desde o século XVII até o XIX, compreendendo a porção do litoral, primeiro planalto, Campos Gerais, Campos de Guarapuava e Palmas. Inicialmente, através da preação de índios e da mineração, possibilitou-se a criação das primeiras vilas portuguesas, no litoral e no primeiro planalto, como a de Paranaguá, Antonina e Curitiba.
Por mais efêmera que se apresentou esta dinâmica ocupacional, uma segunda fase se consolidou, a partir do século XVIII, a economia pecuária e ervateira. Por meio do tropeirismo efetivou-se o surgimento de vilas, como Castro, Ponta Grossa, Lapa, Jaguariaíva com uma sociedade “latifundiária, campeira e escravocrata”. Por fim, a partir do século XIX o contingente de imigrantes, principalmente europeus, também contribuíram para a formação desta “área histórico-cultural”.
Norte Paranaense
A região norte paranaense teve como base de seu desenvolvimento econômico a produção cafeeira iniciada desde meados do século XIX, quando fazendeiros mineiros e paulistas se estabeleceram na região hoje denominada de Norte Velho, entre os rios Paranapanema, Itararé e Tibagi, surgindo cidades como Tomazina, Jacarezinho, Cambará e Ribeirão Claro.
A partir da década de 1920 se intensifica a colonização na região do Norte Novo, entre os rios Tibagi até o Ivaí, resultado da ação de companhias particulares, principalmente a de iniciativa inglesa; até 1950 surgiram cidades como Londrina, Cambé, Rolândia, Apucarana e Maringá.
Na conjuntura em que o café vai se tornando o principal produto exportador do Paraná, as terras além do rio Ivaí são colonizadas entre as décadas de 1940 a 1960, constituindo o Norte Novíssimo. As extensas áreas da floresta subtropical predominante na região norte desapareceram.
Ainda deve-se ressaltar que o processo de colonização segue os moldes tradicionais no sentido de conquistar os territórios indígenas e neste caso o vencedor recebeu o título de pioneiro.
Oeste–Sudoeste Paranaense
A região oeste e sudoeste somente se constituiu em área de colonização aproximadamente na década de 1920, ao receber o fluxo migratório de gaúchos e catarinenses que proporcionaram o estabelecimento da pequena propriedade, da suinocultura e da produção de cereais e oleaginosas.
Contudo, ao se retroceder a séculos anteriores, verifica-se que este território fez parte da Província do Guairá, no período de posse espanhola entre os séculos XVI e XVII e onde fundaram-se as Missões Jesuíticas das quais abrigaram milhares de indígenas, sobretudo os Guarani.
Posteriormente, as vastas florestas existentes na região do vale do rio Iguaçu e do rio Paraná tornaram-se área de exploração predatória de ervais e madeiras, principalmente de interesses estrangeiros que através das obrages implantaram um sistema de trabalho subumano, onde imperava a brutalidade e o estado de miséria de brasileiros e paraguaios.
Erva-mate
A erva-mate é uma planta nativa a qual se encontrava em boa parte do território paranaense, desde o planalto de Curitiba até o sudoeste.
Constituiu-se no principal produto de exportação durante o período provincial.
O hábito de beber mate origina-se da cultura indígena onde desde tempos coloniais foi se sedimentando entre os luso-brasileiros, principalmente da região sul, que se adaptaram tão bem.
Tropeirismo
A atividade pecuária se caracterizou de forma marcante no Paraná proporcionando a formação das primeiras vilas nos Campos Gerais e nos Campos de Guarapuava-Palmas.
As características naturais desta região propiciaram a criação, o transporte e a comercialização de animais.
O gado muar abundante nos campos do Rio Grande do Sul eram trazidos pelo Caminho das Tropas, ou Estrada da Mata, para as fazendas de invernagem no Paraná. Daqui seguiam para as feiras de Sorocaba em São Paulo.
Estes animais de carga transportados pelos tropeiros serviam para abastecer outros mercados internos do país.
O tropeirismo somente declinou com a entrada das estradas de ferro e posteriormente com as de rodagem, mas possibilitou um “modo de vida” que ainda permanece em muitas regiões.
Conflitos
A concepção de que a nossa história se processou de forma harmoniosa, pacífica sem guerras ou rebeliões, infelizmente não existe. Por um breve olhar para o passado podemos verificar o quanto a violência e a injustiça estiveram presentes.
Neste sentido, alguns conflitos foram registrados, mesmo com a visão do vencedor, como a conquista dos Campos de Guarapuava, a Guerra do Paraguai, a Revolução Federalista, o Contestado, o Levante dos Posseiros, entre tantos outros que envolveram indígenas, escravos negros, caboclos, pessoas simples dos quais na maioria das vezes foram silenciados.
Escravidão
A escravidão negra no Paraná se fez presente desde o século XVII nos tempos dos arraiais das primeiras vilas paranaenses como Paranaguá e Curitiba.
Contudo, na medida em que esta economia se desmantelava, os negros eram introduzidos nas atividades agro-pastoris do primeiro e segundo planalto.
Assim, o que se deve ressaltar é que no Paraná a escravidão negra não ocorreu de forma intensiva como em outros pontos do Brasil.
Ao mesmo tempo não se deve minimizar a participação paranaense no comércio negreiro, especialmente a do porto de Paranaguá, que serviu como um dos principais embarcadouros do país no contrabando de escravos no período em que ocorreu a proibição do seu tráfico (1826).
Antônio Vieira dos Santos
Cronista clássico da metade do século XIX que compilou em ordem temática e cronológica documentos dos arquivos de Paranaguá.
Sabendo que Paranaguá já foi o centro administrativo de todo o Paraná, a leitura dos textos de Vieira sobre o litoral e primeiro planalto é representação de quase todo o Paraná colonizado até então.
Dos documentos históricos originais por ele compilados poucos restaram e, também por isso, os escritos de Vieira se tornaram fontes de pesquisa indispensáveis.
Sebastião Paraná
Sua obra abrange outra etapa do avanço lusitano. Ele trata em sua obra um território mais amplo que o litoral e o primeiro planalto a que Vieira se dedica mais intensamente.
Sebastião foi um dos pioneiros que, no final do século XIX e inicio do XX, tentou organizar um discurso sobre a história/identidade do Paraná independente e cerrado em suas fronteiras, justificando-as pelas várias expedições lusas de conquista do território.
O texto de Sebastião não conta uma história do Paraná como parte de outras histórias, justamente por isso o trabalho dele é legitimamente um dos primeiros sobre a história do Paraná.
Romário Martins
Sucedeu Sebastião, em uma etapa mais recente da conquista e colonização do território paranaense.
Enquanto Sebastião fala de conquista territorial oficial, Romário Martins viu o Paraná ser colonizado e se tornar o grande produtor de café. Ele assistiu a expansão da fronteira agrícola do Estado para além do rio Tibagi.
Sua obra retoma autores que o antecederam no século XIX e atualiza informações para o século XX.
Alfredo Romário Martins
Altiva Pilatti Balhana
Antônio Vieira dos Santos
Brasil Pinheiro Machado
Cecília Maria Westphalen
David Carneiro
Ermelino Agostinho de Leão
Francisco Rocha Pombo
Júlio Estrela Moreira
Ruy Wachowicz
Sebastião Paraná
A escrita da história também se faz com documentos, entre fontes, impressas ou manuscritas. Elas se constituem imprescindíveis para a efetivação de uma pesquisa e a presente bibliografia referencia os levantamentos realizados em diversos arquivos municipais, como de prefeituras e câmaras, até os eclesiásticos.
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