A história desse espaço acompanha o próprio crescimento da cidade, nos tempos em que a Rua XV de Novembro era conhecida por Rua das Flores. Local que dava passagem a pessoas a cavalo, a pé ou em carros de bois, abrigava apenas casas térreas com quintais floridos por roseiras e trepadeiras que justificavam sua denominação. Em 1880, para homenagear a visita do imperador Dom Pedro II e sua esposa, a imperatriz Tereza Cristina, passou a ser chamada de Rua da Imperatriz, mas com a Proclamação da República, em 1889, elimina-se essa denominação e se consolida a data oficial da mudança de governo. Nesse período começam as construções dos sobrados com a função de comércio no térreo e residência no pavimento superior. Muitos desses edifícios do final do século XIX e início do XX ainda estão presentes, caracterizando a composição das quadras mais antigas que envolvem o tombamento. 

Muitas são as histórias que marcaram a Rua das Flores, desde os primeiros armazéns de secos e molhados, dos estabelecimentos comerciais de roupas e tecidos importados para a elite curitibana até a atualidade com as lojas populares. Também foi espaço de diversão e entretenimento com o desfile dos blocos de Carnaval e as confeitarias, como a Schaffer, a Guairacá, a Iguaçu e a das Famílias (a única ainda em funcionamento). Além dos bares e dos cinemas de rua, como o Ritz, localizado na Avenida Luiz Xavier, a “menor avenida do mundo”. Essa rua foi chamada durante décadas de a "Cinelândia" de Curitiba, pois ali se concentravam alguns dos principais cinemas da cidade: Cine Teatro Avenida (1929); o Cine Palácio (década de 1930); o Cine Ópera (década de 1950). Ao mesmo tempo, muitas são as suas transformações na passagem de carroças para bondinhos e automóveis até que, em 1972, é fechada para veículos, ficando de uso exclusivo para pedestres. Essa revitalização foi uma experiência pioneira no Brasil, com a substituição do asfalto para o revestimento em petit-pavès que formam mosaicos decorativos em motivos paranistas, entre pinhas e pinhões. O tombamento contribui para a valorização desse patrimônio cultural representativo para a capital paranaense, e que agora em março completa 48 anos.

Tombamento Estadual: 11/03/1974

Inscrição nº 05

Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.