Antigo Engenho de Mate da Rondinha - Campo Largo

Inscrição: 19-II

Processo: 19/68

Data da Inscrição: 10 de julho de 1968

Localização:
Município de CAMPO LARGO
BR-277 Km - Distrito da Rondinha

Proprietário: Governo do Estado do Paraná

Outras denominações: Parque do Mate; Museu do Mate; Moinho do Mate

HISTÓRICO

A erva mate, a farinha de mandioca, a madeira das florestas, junto com as tropas de gado e muares, formaram as bases econômicas duradouras da colonização europeia no território paranaense e da própria existência do Paraná como Estado independente. 

As técnicas primitivas consistiam em sapecar levemente os galhos de erva e depois levá-los para uma valeta, que continha brasas de cascas e galhos de pinheiro no fundo. Em cima era coberta por uma trama de gravetos formando uma grelha sobre a qual a erva era colocada para que secasse. Somente depois de seca era escolhida e colocada num pilão manual para ser triturada. 

No final do séc. XVIII e início do XIX, surgiram engenhos de processamento de erva mate movidos por tração animal, trabalho escravo e força hidráulica. Estes engenhos seguiam basicamente os mesmos passos no beneficiamento tradicional: coleta da erva nativa, transporte dos feixes de erva em uma espécie de trenó puxado por cavalo no meio da mata, sapeco logo após a colheita e beneficiamento posterior com a secagem, seleção, moagem e peneiramento. 

A diferença era que estes engenhos eram verdadeiros complexos de partes mecânicas esculpidas à mão por mestres marceneiros, sendo depois conectadas em barracões onde funcionariam. Um barracão construído em forma de círculo servia para a secagem e moagem da erva. Tinha o piso inferior de onde provinha o calor para secagem e no piso superior possuía um eixo horizontal cheio de lâminas de madeira (como um ouriço) que, ao girar em volta de um eixo motriz vertical, moía a erva. 

O Moinho Velho localizado no município de Campo Largo construído em 1806 pelo Coronel Carlos José de Oliveira Franco e Souza servia para beneficiar erva mate, também conhecida com congonha.

Durante a década de 1870 foram construídos engenhos movidos por motores à vapor; a erva que era embalada em sacos feitos com couro de boi, denominados surrões de couro, que lhe estragavam o sabor. Com a vinda de imigrantes tanoeriros, passou a ser embalada em barricas e os engenhos tomam definitivamente a feição de indústrias de chimarrão. Essas mudanças aumentaram a produtividade, a qualidade e durabilidade do produto paranaense. 

Os velhos engenhos movidos por força muscular ou hidráulica, tornaram-se obsoletos, não podendo competir com a nova tecnologia, organização da produção, qualidade e preço do produto industrial. 

Em 1896 a família Marchioratto era proprietária do velho engenho de mate do bairro da Rondinha e o adaptou para moer milho. Como curiosidades, muitos dos pinheiros derrubados no Paraná, não serviram para abrir pasto ou para beneficiamento de sua madeira, mas sim para que sua casca e galhos fossem utilizados no fabrico da erva-mate, deixando as toras apodrecerem, restando somente os nós de pinho, mais resistentes, que hoje queimamos nas churrasqueiras e lareiras. Pela versatilidade da construção, para aproveitar a energia hidráulica, alguns engenhos não somente beneficiavam erva-mate, mas também tinham divisões onde a força hidráulica impulsionava o maquinário de uma serraria ou um de um moinho de grãos e posteriormente geradores elétricos, tornando-se um equipamento de múltiplo uso. O proprietário do engenho era chamado engenheiro e o no séc. XIX, mesmo com o trabalho escravo e rústica tecnologia, o engenho era classificado como uma “indústria”.
Além de representar todo um período econômico paranaense, o velho moinho da Rondinha é um dos poucos remanescentes desta época de transição entre o processamento manual e as indústrias altamente tecnificadas.
Adquirido pelo Estado do Paraná, o engenho e a chácara onde se localiza tornou-se o Museu /Parque do Mate.

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    Antigo Engenho de Mate da Rondinha - Campo Largo - Livro Tombo II - Inscrição 19 - Página 16
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