Estação Ferroviária da Lapa
Inscrição: 137-II
Processo: 08/98
Data da Inscrição: 13 de novembro de 2001
Localização:
Município de LAPA
Avenida Aloísio Leoni, s/n
Proprietário: Particular - Rede Ferroviária Federal S.A.
HISTÓRICO
Desde de 1997 a Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC) vem recebendo das prefeituras municipais e associações preservacionistas várias solicitações de tombamento de estações ferroviárias, situadas ao longo da malha ferroviária paranaense. No caso da Estação Ferroviária da Lapa, o pedido veio através da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – Regional Paraná (ABPF) que salientou, acima de tudo, a importância histórica desse bem e a preocupação em salvaguardar e divulgar esse patrimônio.
A ferrovia Curitiba – Lapa possui 85 quilômetros de extensão e se constitui num dos primeiros ramais da Estrada de Ferro do Paraná, que ligaria o segundo planalto com o porto de Paranaguá. A inauguração do trecho (Serrinha-Lapa) se deu em novembro de 1891 e visava basicamente a exportação de madeira e erva-mate da região.
O atual prédio da Estação Ferroviária da Lapa foi inaugurado em 02 de julho de 1952 (1) . Sua construção em alvenaria veio substituir a antiga estação de madeira que existia desde o final do século XIX, e por isso a designação de “Estação Nova”.
Seguindo o Plano Nacional de Desestatização – PND (2) , em março de 1997, a Estação Ferroviária da Lapa, assim como boa parte da Malha Sul da Rede Ferroviária Federal S.A., passou para o domínio privado, assumido pela empresa Sul Atlântico S/A (FSA).(3) A partir desse momento a estação foi desativada, entrando nos últimos anos, num processo de deterioração. Através da nova empresa concessionária, América Latina Logística (ALL), o espaço da estação é concedido para uso da prefeitura municipal. Depois de sofrer alguns reparos, em 17 de março de 2000, a estação foi reinaugurada abrigando um espaço cultural para a comunidade e um curso pré vestibular do Colégio Cooperativo. (4)
CURITIBA – LAPA: 100 ANOS LIGADAS PELOS CAMINHOS DE FERRO (5)
O Trem no Caminho dos Tropeiros
No Brasil, as estradas de ferro aproveitaram os caminhos dos tropeiros. Não havia razões para buscar novos traçados se a intuição dos primeiros já estabelecera as comunicações entre os povoados experimentando sempre a via mais cômoda e segura. No Paraná não foi diferente. A começar pela linha tronco, de Paranaguá a Curitiba, subindo a Serra do Mar pelo caminho do Itupava. Antes mesmo de concluído esse primeiro trecho paranaense a ferrovia já estava projetada para prosseguir pelo interior da província. A estação de Curitiba seria uma estação de passagem.
Em 1882, a Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens recebeu a autorização para proceder aos estudos de prolongamento da estradas de ferro, com um ramal para as cidades da Lapa e Castro. A linha principal deveria passar por Campo Largo, transpondo a Serrinha na altura de São Luiz.
Os estudos demonstraram a inconveniência do traçado original. Optou-se, então, por seguir pelo vale do rio Iguaçu até atingir o tradicional ponto de triagem das tropas em Tamanduá. Desceria da estação de Serrinha para a Lapa e avançaria para Ponta Grossa por Palmeira e Restinga Seca. Daí derivava o ramal de Porto Amazonas passando sobre o rio Iguaçu no antigo porto das Laranjeiras, local bastante citado no movimento telegráfico da Revolução Federalista de 1894.
A idéia geral do traçado, inaugurado em 19 de novembro de 1891, consistia em penetrar nos dois maiores polos produtores de erva-mate – Lapa e Rio Negro – e, ao mesmo tempo, em Porto União para chegar aos vapores fluviais da companhia de navegação do Coronel Amazonas Menezes. Na época, a erva mate era o principal produto de exportação da Província. Para se ter uma idéia de sua importância, basta lembrar que a madeira representava apenas algo em torno de 10% do transporte de erva.
Depois da primeira década desde do século XX, um novo traçado, dentro do sistema “river grade”, do engenheiro Brynt, abandonaria o ramal de Restinga Seca, passando à esquerda do Iguaçu, ao largo de Tamandaré, fazendo triagem em Engenheiro Bley e subindo por Nova Restinga.
Recentemente, a ferrovia Curitiba – Lapa ganhou uma variante, em função do tronco principal Sul. Essa região, que abrange Engenheiro Bley – Curitiba e Curitiba – Ponta Grossa, se constitui num centro de convergência e distribuição de todo o transporte ferroviário do Paraná e de ligação com outros Estados.
Ao tempo da revolução Federalista, a posição da Lapa, como ponta dos trilhos, que ainda não chegavam a Rio Negro mas já alcançavam Palmeira e Curitiba, foi um fator decisivo na movimentação estratégica das tropas revolucionárias e legalistas
(1) - R.F.F.S.A. Sistema Ferroviário da R.F.F.S.A. Rio de Janeiro: R.F.F.S.A./Departamento de Estatística e Documentação, 1997. p.72.
(2) - Lei nº 8.031 de 12/04/1990.
(3) - Informações obtidas pelo Escritório Regional da R.F.F.S.A. – Curitiba.
(4) - Gazeta da Lapa: 17/mar/2000.
(5) - Folder: 100 anos: Ferrovia Curitiba – Lapa. Edição comemorativa. R.F.F.S.A. 1991.